Passa mais rápido do que a gente imagina
Cada novo desafio nos balança de uma forma especial: às vezes tão intensa que parece mudar a vida por completo
Quando estamos no olho do furacão, não parece haver saída para nosso problema. Curiosamente, a vida nos surpreende com um dinamismo especial: as coisas vêm e vão com uma velocidade muito ágil.
Provei dessa experiência ao cultivar um breve diário pelo bloco de notas do celular: sempre que uma emoção forte vem à tona, anoto a data e poucas frases sinceronas, me mantendo 100% fiel ao momento — o que rende muitos desabafos dramáticos, mas também muito conhecimento e percepção sobre mim mesma.
Em momentos que me sinto “neutra”, ou seja, sem nenhuma positividade ou negatividade predominante, retorno ao bloco de notas intitulado “diário” para me investigar, como se pudesse ver a Carolina “por fora”.
Foi nesses momentos de avaliação que descobri: as sensações passam mais rápido do que a gente imagina, mesmo que a gente esteja enfrentando algum problema difícil e demorado de se resolver. Explico: quando a gente se propõe a encarar a realidade, nossas emoções variam ao longo dos dias, dando um dinamismo maior do que o sofrimento de estar preso numa situação específica.
Através das minhas anotações, entendi que eu aproveitei os dias de maior otimismo e esperança para agir, enquanto nos dias de maior desânimo e descrença, recuei fazendo mais pesquisa e sendo mais introspectiva sobre como poderia resolver aquilo que me afligia.
Ou seja, fazer uma emoção passar rápido não significa resolver rápido ou dominá-la, mas sim, ter uma disposição genuína para resolver um problema e descobrir que há dias em que o sol brilha para nós e somos agraciados com entusiasmo para seguir em frente.
Além disso, cultivei o hábito de abrir outro bloco de notas para agrupar conselhos quando precisasse de algum acolhimento ou direcionamento — porque nem sempre dá para conversar com alguém ou recrutar um especialista.
Embora esses conselhos sejam generalistas, de alguma forma sinto que eles me protegem e isso pode ser o suficiente para acalmar os ânimos em alguns dias. Vou compartilhar alguns deles na esperança de que sejam úteis, ou que possam te ajudar a desenvolver seu próprio manual de conselhos também!
A maioria deles foi escrito por mim, mas também gosto de coletar trechos de livros para enriquecer esse recurso. Acompanhe abaixo, respire fundo e acredite no dinamismo da vida também!
Fato é: ninguém tem uma convicção inabalável sobre si mesmo. Todas as emoções importam e fazem parte do “todo” que nos representa. Mas memórias ruins (e aqui acrescento: pensamentos ruins) podem gerar convicções equivocadas sobre nós mesmos. Algumas pessoas são muito perspicazes em perceber nossa bondade, nossa inclinação para o acolhimento e serviço. Do mesmo modo podemos ser ao reagir: “não posso”, “sinto muito, dessa vez não consigo”, “poxa, já tenho um compromisso”. Não precisamos nos explicar. Basta que a gente se afaste. Sem culpa. Por nós mesmos. Reivindicar meu direito de não dar conta é estabelecer limites para que as demandas não sufoquem minha saúde — o que não quer dizer que vou trabalhar pouco ou me dedicar pouco, mas sim escolher minhas prioridades, trabalhar de modo mais inteligente e estratégico. Ninguém vai me dar uma atenção tão plena quanto eu posso me proporcionar. Posso ser reconhecida, elogiada e ainda me sentir rejeitada ou carente de atenção. Talvez por alguma falta enraizada na infância. Não me importo, e perdoo meu passado. Assumo a responsabilidade de me acolher e me cuidar, impondo limites saudáveis em relações, no trabalho, dentro da minha casa mas, principalmente, nos meus pensamentos e julgamento próprio. Não se apegar à tristeza não é deixar de senti-la, apenas não se permitir afundar. Caminhar ao ar livre, falar com pessoas, ler… Pode dar uma perspectiva diferente ao fazer com que eu saia da minha bolha de preocupações. Pare de ficar pensando, se preocupando, se alarmando, se perguntando, duvidando, receando, se afligindo, querendo uma saída fácil, se debatendo, se agarrando, se desnorteando, se coçando, se arranhando, balbuciando, resmungando, reclamando, se rebaixando, tropeçando, divagando, apostando, vacilando, esfumando, se atropelando, enrolando, maquinando, se queixando, se lamentando, se lamuriando, polindo, nivelando, exagerando, esmiuçando, embirrando, empacando, espiando, se excitando, se batendo, criticando, se esgueirando, esperando muito, avançando pouco, praguejando, se consolando, se emproando, revirando, lambuzando, se moendo, se moendo, se moendo a si mesma. Pare com isso e TRABALHE! (livro “Como os artistas veem o mundo”, de Will Gompertz)
Com curiosidade, afeto e uma vontade imensa de aprender,
Carol Barboza